ATA DA QUADRAGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 19-10-1989.
Aos dezenove dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e
oitenta e nove, reuniu-se, na Sala de Sessões do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima
Sexta Sessão Ordinária da Décima Legislatura, destinada àa concessão do Título Honorífico de
Cidadão Emérito ao Eengenheiro
Fúlvio Celso Petracco, concedido através do Projeto de Resolução nº 035/85 (Proc. nNº 2604/89). Às dezessete horas e
trinta e umquatro minutos, constatada a
existência de “quorum”,
o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de
Bancada quea
conduzissemrem
ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa:
Clóvis Brum, Segundo Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no
exercício da Presidência dos trabalhos; Engenheiro Fúlvio Celso Petracco, Hhomenageado; Dr.
Tarso Genro, Vice Prefeito de Porto Alegre; Deputado Estadual Jauri de
Oliveira, Líder da Bancada do PSB na Assembléia Legislativa do Estado do Rio
Grande do Sul; Ver. Omar Ferri, Líder da Bancada do PSB, neste Legislativo
Municipal e, na ocasião,
Secretário “ad hoc”; e Sras.
Teresinha Petracco Grandene, irmã do Homenageado e representado os demais
familiares. A seguir,
o Sr. Presidente pronuncioumanifestou-se
sobre a homenagem que este Legislativo prestava e concedeu a palavra aos
oradores que falariam em nome da Casa. O Ver. Leão de Medeiros, em nome da
Bancada do PDS, ressaltou qualidades do Hhomenageado, especialmente no âmbito
político, profissional e pessoal. E, relatando aspecto da vida do Sr. Fúlvio
Petracco, prestou suas homenagens ao mesmo. O Ver. Flávio Koutzii, em nome da
Bancada do PT, manifestou sua satisfação em encontrar o Hhomenageado, relembrando passagens de
lutas empreendidas na militância política em prol das classes populares. O Ver.
Omar Ferri, em nome da Bancada do PSB, do PCB, em nome do PC do B, registrou a
presença de militantes do Partido Socialista Brasileiro no Plenário, em
solidariedade à homenagem que é prestada por esta Casa ao Sr. Fúlvio Celso
Petracco, destacando luta que há muito S. Sª
tem ensinado aos seus Partidários. Esclareceu circunstâncias que levaram
S. Exª a ingressar no PSB. E, saudando o Ver. Elói Guimarães pela iniciativa da
proposição, parabenizou-se com o Sr. Fúlvio Petracco. E o Ver. Elói Guimarães, na condição de Aautor da Homenagem
e em nome da Bancada do PDT, doói PTB, do PL e do PMDB, referindo
princípios que presidem a outorga do Título Honorífico, ressaltando que a
presente homenagem é concedida em reconhecimento ao trabalho, ao talento, à
pessoa do Sr. Fúlvio Petracco, de quem destacou qualificações. Relembrou
episódio protagonizado pelo homenageado quando do Movimento dae Legalidade, e do
Golpe de mMil
nNovecentos e sSessenta e qQuatro, a postura
política de S. Sª em campanhas eleitorais. E augurou que o Homenageado ainda
muito contribuía na busca de uma sociedade mais justa. Em continuidade, o Sr.
Presidente concedeu a palavra ao Dr. Tarso Genro, Vice-Prefeito Municipal, que
em nome do Executivo Municipal, prestou homenagem ao Sr. Fúlvio Celso Petracco.
Ainda o Sr. Presidente procedeu àa leitura do tTexto do Título de Cidadão e concedeu
a palavra ao Deputado Estadual Jauri de Oliveira, que prestou testemunho sobre
a personalidade do Homenageado como dirigente partidário. Em ato contínuo, o
Sr. Presidente convidou o Ver. Elói Guimarães para proceder àa entrega do Título
Honorifico de Cidadão Emérito ao Engenheiro Fúlvio Celso Petracco, bem como aos
presentes para que, em pée´,
assistissem essa formalidade. Após, concedeu a palavra ao Homenageado, que
formulou agradecimentos a todos que conviveram com S. Sª nos campos estudantils, profissional e
político. E destacou a atuação política desta Câmara Municipal, expressando sua
gratidão pela outorga do Título de Cidadão Emérito. Nada mais havendo a tratar,
o Sr. Presidente agradeceu a presença de todos e levantou os trabalhos às
dezoito horas e cinqüenta minutos, convocando os Senhoresrs. Vereadores para
a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelo Ver. Clóvis Brum, e secretariados pelo Ver.Omar Ferri, como Secretário “ad
hoc”. Do que eu, Omar
Ferri, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assina pelos Sr.enhores Presidente e pelo 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Está com a palavra,
o Ver. Leão de Medeiros, pela Bancada do PDS.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Meus Senhores e minhas Senhoras., n Nada mais agradável queem exaltar, noem meu nome pessoal e da Bancada do
PDS, as virtudes do
homem de bem sobretudo quando, na atividade política, o homenageado se situa em
terreno diverso do orador, não raro a ele oposto. Pois, se no elogio do correligionário pode surgir
e permanecer a dúvida quanto a autenticidade do louvor, talvez mais inspirado na irmandade de
convicções que no mérito real, no tributo prestado aos
militantes
de outras
grei a homenagem brota sincera, proclamando a satisfação de reconhecer que as
divergências não elidem o reconhecimento do mérito que comunica dignidade e
valor ao próprio antagonismo das idéias.
Assim é o homenageado de hoje na meritória iniciativa do Ver. Elói
Guimarães. Firme nas suas convicções, pugnaz nas atitudes, brilhante no
pensamento e na palavra, íntegro na conduta e, sobretudo, elegante no trato dos
opositores,
que, como ele, sabem afastar do plano pessoal
a divergência das idéias.
Na realidade, são duas as imagens que ostenta, numa combinação rara e
difícil: Petracco, o político atuante e Petracco, o engenheiro destacado. Com o mesmo empenho
que se põe a analisar a realidade social e política, com a mesma percuciente
capacidade analítica que mobiliza no debate do Estado, da sSociedade e da Nação,
logrou construir uma das mais sólidas reputações profissionais no cenário local
e nacional, de engenheiro especializado em, tecnologia da energia e sua
conservação, estabelecido com escritório em Porto Alegre e Pernambuco. No
cenário local, afora inúmeros profissionais de arquitetura que se socorrem de
seu assessoramento no projeto, conta entre seus clientes com algumas das
grandes empresas locais,
como os grupos Gerdau, Zafarri e Do Sul.; Nno âmbito nacional, tem projetos
executados em Pernambuco, no Pará, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo.; Jjá ultrapassa os
limites dno
Brasil,
ao negociar,
recentemente, na Alemanha, o “Know-how” de um de seus projetos de resfrieadores evaporativos.
Como empresário, é responsável técnico, diretor e acionistas
de uma empresa especializada em cordoaria pesada para atracação de navios, sediada
em São Leopoldo, exportando regularmente para as nações que exploram o petróleo
do Mar Norte, para a Grécia, a Holanda, o Chile, Cingapura, a Índia, a Itália e
a Inglaterra, em acirrada disputa com a concorrência internacional, que vem
enfrentando com a alta
qualidade de seu produto, o qual tem reiteradamente superado recordes mundiais
de resistência, medida em número atracações de grandes navios, a que o cabo resiste
incólume.
Nascido em Passo fundo, tem origens italianas e espanholas. Seu avô
paterno, João Baptista Petracco, nasceu em San Vito de Tagliamento, nas
proximidades de Udine, na Itália Setentrional; sua mãe, aArgentina, descendida de espanhóis e
guaranis. É, pois, na etnia, a síntese
do Rio Grande do Sul.
Nosso homenageado é um homem profundamente marcado pela educação que recebeu e influenciado pelos
mestres que encontrou.:
Gguarda, com grande
carinho, a figura marcante do seu curso primário, no Grupo Escolar Protásio
Alves, em Passo Fundo – a Diretora – que até hoje visita – D. Maria Súria
Dipp, a qual, ainda fazendo as vezes de segunda mãe e preceptora, escreveu-lhe
uma carta, em 1986, que guarda como um dos documento maiôs valioso de sua
vida, pelo que contém de sábio e de comovente.
Em Porto Alegre, no colégio Nossa Senhora das Dores, encontrou, na figura admirável do
Irmão Bento, o impulso para os livros, que não mais o deixou, a partir da obra de José Ingenieros, em “As
Forças Morais” e o “O Homem Medíocre”. No Colégio Júlio
de Castilhos encontrou,, no Mestre de Química, Abílio
Azambuja, outro alicerce de seu futuro perfil de engenheiro. Ingressou no Curso
de Engenharia Mecânica e Elétrica, da Escola de Engenharia da UFRGS, lá
privando com os educadores notáveis, como Alquindar
Pedroso e David Mesquita da Cunha e, também, mercê de sua presença na política
estudantil, conssntrg5uinbdo
grande apreço e admiração pela figura extraordinária que foi o Reitor Elyseu
Paglioli. Mas, curiosamente, atribui sua inclinação para a área de energia de
um mestre da matéria miais próxima da Engenharia Civil, - o Professor Luiz Duarte Viana, cujo enfoque sobre
a estabilidade das construções, a partir do conceito do trabalho virtual, de
alguma forma levou o jovem Mecânico e Eletricista a sintetizar sua visão no
programa de energia.
Diplomado, ingressou, em 1963, por concurso, nos quadros
da Petrobrás e prosseguir, ao mesmo tempo, na militância política que iniciava
no ciclo secundário de sua educação. Segundo diz, com o humor fino que põe até
mesmo em suas auto- avaliações,
ingressou na política instado a “combater os comunistas”, mas acabou
contaminando-se ao menos de uma forma atenuada doe vírus...
ONo
ano de 1964 o colhe Suplente de Deputado Estadual pelo PDS. Cassado logo em
abril de 1964, só vai ter seus direitos políticos
restabelecidos pela anistia de 1979. Atravessou com coragem e convicção os anos
de provação, talvez porque, ao olhar para este passado, não veja o que
censurar-se, sabedor de que arrostou com dignidade os tempos adversos e usou a
experiência para enagrandecer-se sem
ressentimentos e sem ódios, granjeando o respeito e admiração até mesmo de
muitos adversários. Afastado da política, voltou-se integralmente para sua
outra paixão, permitindo que, de sua inteligência
e labor, surgisse o grande engenheiro em que se transformou (o que, segundo um de seus
antigos mestres na escola der eEngenharia, não deixa de seru um mérito indireto a crédito dos que
o baniram temporariamente da distração política, prejudicial aos desígnios de
engenheiro que bradava por emergir de sua complexa e agitada personalidade...)
Porto Alegre, ilustre Eengenheiro,
o faz neste momento, Cidadão Emérito. Nesta distinção
está, mais que o preitoprojeto ao
profissional ilustre, mais que o tributo ao político coerente e fiel às suas
convicções. Está o reconhecimento daquilo que foi referidoconhecido, daquilo que foi retirado no
início destas
palavras: a grandeza do homem de bem, que sobrepujou a adversidade abrindo, com
coragem e dignidade, novos rumos para a sua vida, sem permitir que o veneno
do ressentimento o limitasse no mesquinho realimentar do ódio que é uma
desculpa para a paralisia e o medo!
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Flávio Kkoutzii, que falará em nome da Bancada do PT.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Não poderia começar sem
registrar, porque acho que é uma pequena singularidade, neste momento, e um dos prazeres da vida, que são esses
reencontros e estas situações. Eu também fui da FEURGS, na época em que tu
começavas a liderar um movimento estudantil combativo,- nacionalista e corajoso e que enfrentou, sob
a inspiração e a liderança de Petracco, nos diasanos de 19614 e das lutas da legalidade. PMe parece-me que faz muito tempo, e,
ao mesmo tempo, que faz pouco tempo, porque, em parte, a cassação das nossas
vidas, as obstrução dos caminhos dos democratas, dos homens e mulheres de
esquerda neste País, nos permite, recém nesta década, assumir,
publicamente e plenamente, a potencialidade de nossos sonhos, de nossa capacidade de trabalho e
de nossa capacidade de luta. Acho que a intervenção do Ver. Leão de Medeiros,
que me antecedeu, foi muito precisa e adequada, tanto quanto refez e recontou a
biografia,
pessoal e profissional, do Petracco, quanto,
de forma muito honrada e elevada, distinguiu-se a diferença ideológica que realmente
existe entre homens que hoje se definem, e no passado também, em terrenos opostos
nas vias e nos caminhos da construção deste País. É uma demonstração de
respeito e é uma demonstração de lucidez. Mas eu quero falar como irmão de
esquerda. Quero falar com aquele que representa o Ppartido dos Trabalhadores nesta
cerimônia, que é um dos resultados dos nossos comuns esforços, das nossas lutas
e de momentos muitos difíceis; e ressaltar que o que é justamente singular, o
que talvez seja o que mais possa-nos emocionar e dar relevo às cerimônias que
as vezes são um pouco formais, é isto que não acontece todos os dias, é o
reconhecimento gradual, incontestável dos méritos de quem tem mérito e não mais da
seleção dos que tem mérito apenas quando estão num campo determinado da posição
social. Para nós é uma honra e uma satisfação, um momento de fraternidade
trazer a palavra do Partido dos Trabalhadores, de reconhecimento da trajetória
de Fúlvio Petracco e de, fundamentalmente, destacar o que é evidente, que o que
se reconhece nele é o caminho feito, como militante do povo. Ele foi e é
engenheiro, mas entendemos que foi, e é, e será sempre, um lutador das
causas populares. Esta grandeza, este esforço e esta generosidade é que são, no
nosso entender, o que,
principalmente, se
reconhece hoje. . E quando a Cidade começa a
reconhecer isto, através da sua representação política que somos nós, significa
que ele agrega, ao universos dos seus valores, na identificação
do que é importante, o mérito doas caminhos feitos, o mérito do
caminho que tu fizestes.
É isto que se reconhece aqui, é isto que a Bancada do Partido dos Trabalhadores
saúda, através da nossa intervenção nesta tribuna e é neste o abraço que nós queremos
te estender, Patracco, nosso companheiro. Sou grato. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar
Ferri, pelo PDS, pelo PCB e pelo PC do B.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Ver. Clóvis Brum, 2º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Tarso Genro, Vice- Prefeito
da Cidade; Engenheiro Fúlvio Petracco, nosso querido Hhomenageado; Eexcelentíssimo Deputado Jauri de
Oliveira, Líder da Bancada do PSBb na Assembléia Legislativa; Srªas.
Terezinha Petracco Grandene, irmã do nosso Hhomenageado e representante dos demais
familiares; Srs. Vereadores aqui presentes; minhas sSenhoras, meus sSenhores e de um modo especial e com
muita satisfação aos companheiros do PSB, cuja militância em sua quase
totalidade veio trazer o s eu
abraço, a sua
saudação e a sua solidariedade àquele que simboliza eo que significa e dá forma e conteúdo
ao próprio Partido no Rio Ggrande
do Sul, Sr. Fúlvio Celso Petracco. Eu não sei se é fácil ou difícil dirigir
algumas palavras,
nesta tarde ensolarada, nesta solenidade que para nós toca profundamente o
âmago de nossos corações. Porque par a nóos, do Partido Socialista, o Petracco realmente simboliza o próprio
Partido no Rio Grande do Sul. Muitas vezes tem pessoas que fazem confusão com o
PDS e se referindo a Amim
dizem – tu é do PSDB,
do partido do Petracco – a aí as cosias se esclarecem. Mas, a homenagem é acima
de tudo a um Engenheiro competente, a um profissional brilhante e a um homem
condutor e de uma postura ideológica sem par em nosso Estado. Eu digo sem par
porque são dezenas de anos que o Petracco vem magistralmente nos ensinandonas
lutars
em favor da nacionalidade bBrasileira.
Então me parece que aí está a maior lição do Petracco para todos nós. E
eu até falo com muita tranqüilidade, razão porque agora vou fazer um
esclarecimento, Petracco, a ti,, ao público, ao dizer que eu vinha
registrando, até os
dias de hoje, mas
acho que este é o momento solene, este é o momento que eu devo te agradecer na
medida exata de tua grandeza. Eu resisti àa entrada no PSB, por causa da
imagem de certa gente que te apontava como autoritário dentro do Partido, eu
vinha resistindo, eu inclusive já vinha colaborando com o Partido, mas não
assinava ficha. E, de
repente, por estas
contingências da vida eu devo a assinatura da ficha de filiação a um grande
irmão e companheiro nosso que,
infelizmente, hoje
não se encm contra
aqui, que é o Dr. Bruno Mendonça Costa. E passei a conviver contigo dentro do
Partido e posso dizer,
tranqüilamente, de público, que eu não sei, muitas vezes se constrói imagens diferentes
do próprio sentimento e do próprio comportamento de uma pessoa. E esta foi a
tua imagem durante algum tempo, Petracco: oO autoritário. Não sei como é e
porquê, s e
durante todas as reuniões deste último ano e meio que eu convivo com a direção Ppartidária, em nenhuma vez
eu assisti que tu tivesse tomado uma atitude fora do contexto e do consenso de
todos nós. Então, esta é a lição que eu humildemente recebo hoje.
O nosso Partido é um partido que se movimenta de
acordo com o consenso de uma direção em que pensa e age interpretando a vontade de
todos. É um partido que desfralda a bandeira de um Deputado Estadual como é o caso do Deputado Jauri Oliveira.
E nós sentimos, Petracco, a nossa homogeneidade, nóos
formamos dentro do nosso Partido uma espécie de “ perestróica e glasnost” antes
mesmo dela ter surgido na União
Soviética. Mas, acima de tudo conservamos a
nossa ideologia
revolucionária e de transformaçõesão
sociais, isto nem o Jauri abdica, nem o Petracco abdica, e nem os nossos companheiros aqui presentes abdicam. Este é o nosso caminho, está é a nossa luta. Por isso
eu quero saudar de
maneira especial o Ver. Elói Guimarães que foi quem apresentou esta proposição concedendo o tTítulo
de Cidadania em Porto Alegre ao Dr. Petracco,
e falo, também, com muita honra em nome do Partido Comunista do
Brasil, representando
nesta Casa pelo Ver. Lauro
Hagemann que pediu que eu lhe transmitisse um forte abraço e a escusa antecipada dele porque ele já tinha assumido fora da
Capital um outro compromisso. Ele viajou para o interior do Estado, e o nosso companheiro Edson Silva, Presidente do PC do B ndo
Rio Grande do Sul, que por motivos alheios a sua vontade não pode estar presente nesta solenidade, na data de hoje. Uma mensagem toda especial aos
nossos companheiros do PSB, é isto
Petracco, podes ter a certeza absoluta, isto dá conteúdo e significa que o Partido é homogêneo e monolítico e que os dois representantes do PSB sentados nesta Mesa,
Fúlvio Celso Petracco e Jauri de Oliveira, são as nossas bandeiras e os nossos condutores. Parabéns Elói Guimarães!;
Parabéns Fúlvio Celso Petracco!.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Meus Senhores, agora passamos a palavra ao Autor do Projeto, Ver. Elói Guimarães, que fala
em nome do PDT, PTB,
PL, e PMDB.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Senhoras, sSenhores,
amigos, amigos do homenageado. A Câmara Municipal de Porto Alegre tem, na concessão da cidadania emérita, um dos mecanismos de
expressão que reflete não absolutamente uma deferência ouum
uma gentileza popular, um mero ato de formalidade. Não! Aa
Câmara Municipal de Porto Alegre teêm,
no mecanismo da concessão de título
desta natureza, o cumprimento de uma obrigação que lhe delega aos Vereadores a população de Porto Alegre, de fazer justiça, de solenizar aqueles que, de uma forma ou de outra tenham contribuído para a Cidade para nos mais diferentes campos
da atividade e do labor. É, exatamente, amigo Petracco, com esta visão e com esta
concepção de alguém que recolhe o agradecimento pela prestação do serviço é que nós, hoje, aqui estamos reunidos, em reunião solene para te homenagear, e para te entregar o título a
que fazes jus, não
por uma deferência, mas pelo teu valor, pelo teu trabalho e pelo teu
devotamento à causa pública. Descrever aqui, dissertar, fazer a historiografia do homenageado, que se nos
afigura de todos conhecida, já aqui dna tribuna se
disse da competência do homenageado, do seu talento. Mas eu guardo, Petracco,
uma notícia que ouvia no rádio, em 1961, quando sobre o País se abatiam os pródromos da ditadura que haveria de se implantar em 1964, sobre
o movimento universitário, uma das primeiras manifestações quando se
instalou, em nosso Estado, o Movimento da Legalidade, alguém representando o movimento universitário pujante da época e que
tinha a liderança do Petracco. Eu guardo na memória aquela notícia dada pelo
repórter – não sei até se não era o nosso amigo Lauro Hagemann – de que logo
após instalado o Mmovimento da Legalidade, um estudante, Fúlvio Petracco, Presidente da
FEURGS, se colocava, com seus
companheiros universitários, na defesa da Legalidade. Posteriormente, pela sua
vida de homem técnico, de profissional
de talento, fiquei conhecendo e me tornei amigo da figura do homenageado. Então, é um dado, Petracco, que trago neste momento, para lembrar aquela notícia
que ouviam em 1961. Estudante de
engenharia, líder universitário,
Presidente da FEURGS, se levantava na defesa dos interesses maiores do País, que era a
preservação da liberdade, a preservação
da Legalidade. Engenheiro de nome internacional, homem culto, com
especializações em diversas áreas da
engenharia, engenheiro mecânico, engenheiro eletricista,
com curso
de extensão, conferencista, com inúmeros
cursos de aperfeiçoamento, com viagemns n nos exterior em busca da especialização, consultor técnico de vários departamento de
engenharia de diferentes atividades e empresas.
Portanto, está aqui, muito rapidamente descrito o nosso
homenageado. Político.
E a partir desse momento se passa a tornar mais conhecido, porque assumindo em
1964, tendo assumido a Assembléia Legislativa, foi cassado. E aí se interrompeu toda uma
geração.
E tenho dito, Sr. Presidente, meu caro homenageado, senhores e senhoras, que o maior mal que o
movimento de 1964 fez
a este País foi, exatamente, cortar todo o ciclo de geração.
Se nós examinarmos, hoje, a história da nossa liderança,
vamos ver que as lideranças, com raríssimas exceções, as lideranças do pré-
1964 ainda continuam, hoje, porque esses espaços não foram preenchidos. Por falta de capacidade de uma geração? Não! Porque
exatamente em 1964 se cortou o curso da hHistória.
Este corte profundo na hHistória do País se levou ao exílio, seja local, seja fora
do nosso País, tantas lideranças,
como essa que hoje, aqui, homenageamos.
Posteriormente, jajá mais do conhecimento da juventude, o Petracco
retoma sua atividade política, a sua atividade no terreno do debate, no
terreno filosófico-ideológico. E aí todos nós passamos a admirar esta figura notável. Polemista exíimio, homem culto, talentoso, deu significativas contribuições
nos debates e que se desenrolaram por duas eleições e, aí, até
certo ponto se justifica, amigo Petracco, a
tardança da entrega do título: é que as eleições passaram a nos
envolver-nos. Mas a
contribuição que o homenageado, Presidente do PSB, Fúlvio Petracco, dá ao debate
é algo magnífico que tem que
ser devidamente gizado. Foram duas campanhas onde se pode observar o nível que o Petracco conduzia no debate, e a ainda há pouco falava o nosso amigo Omar Ferri
da liderança forte, exatamente esta liderança, este argumento robusto, ele que é um homem absolutamente fraterno, sereno,
tranqüilo, mas profundamente convicto e
compenetrado naquilo que discute e defende. Essta
imagem se repassou à população da Cidade:
umde debatedor forte, um homem que não se verga, um homem que
discute, um,
homem que sustenta com substantividade suas idéias. Os argumentos não são ocos. Eles têem
conteúdo e estaá foi uma grande contribuição que eu quero deixar registrado para os Anais da
Câmara, para os Anais da história da Cidade;:
exatamente esta contribuição magnífica que o Petracco ofereceu para a Cidade
durante duas campanhas políticas que concorreu em nossa Cidade. Então, Petracco recebe a
nossa homenagem, do meu Partido, do PL, do PTB, do PMDB, companheiros nossos. Inclusive, te transmito, e me faço portador,
de um abraço de nosso amigo comum Alceu Collares. Não fora
os companheiros, em face da chegada do ex-Governador Leonel Brizola em Porto Alegre,
aqui estariam líderes do nosso Partido, a direção partidária e companheiros Vereadores que estão envolvidos com a
chegada do ex-Governador.
Então, nós estamos hoje, aqui,
nesta solenidade, para te agradecer pelo trabalho que já fizeste a esta Cidade,;
pelas contribuições que tens dado e pelo
muito que ainda haverás de dar a esta Cidade, porque tu és um homem jovem, um
homem forte, um homem culto e que está preparado para assumir grandes responsabilidades na condução
do destino da nossa Cidade, do nosso Estado, do nosso País. É preciso, senhores
e senhoras, que nós
pensemos, muitas vezes, além das siglas partidárias, porque eu entendo, meu
caro Prefeito Tarso Genro, que as siglas não aprisionam as idéias, as idéias se transam,
independentemente das siglas partidárias,
e, muitas vezes, nós temos comunhões ideológicas com pessoas de pPartidos
diferentes e maior grau de aproximação do que com nossos
próprios pPartidos. Eu penso como Petracco, sou daqueles
que entende que nós haveremos de ter um
futuro muito próximo, uma sociedade socialista, fraterna, para que esta Nação,
este povo se integre concretamente, definitivamente no processo econômico do processo social. E tu, Petracco, nosso homenageado,
tens, pela liderança que exerces , pelo talento que possuis, pela vibração de espírito e da alma, por ser um lLíder,
uma grande responsabilidade para
levarmos adiante esta caminhada e esta luta na busca de uma
sociedade justa e de uma sociedade fraterna. Uma sociedade onde todos nós, independentemente
de exercemos esta ou aquela atividade, independentemente de termos estes ou
aqueles títulos, onde todos nós possamos
participar do processo que a civilização coloca à disposição
do homem, mas
aos quais as
estruturas não permitem, muitas vezes, que o ser humano temnha acesso. Então, fica aqui a minha homenagem, a minha saudação, o meu agradecimento e
o faço, como disse, e o faz a Casa, dentro daquela concepção de ter, pela delegação
popular, o dever de conceder àqueles que, de uma forma ou de outra, ajudam a Cidade, ajudam
o seu povo, os títulos de Cidadão Emérito. Foi dentro desta concepção que nós
concedemos o título a este figura notável que
é o nosso homenageado, Fúlvio Celso Petracco, que haverá de muito fazer ainda
para o desenvolvimento da nossa Cidade, para o desenvolvimento do nosso Estado e para o desenvolvimento do
nosso País. Receba, portanto, a nossa homenagem e o nosso carinho, o nosso
agradecimento pela sua luta, pelo seu trabalho, e, evidentemente, extensivo aos seus filhos, família, companheiros, amigos. Este é o nosso agradecimento e esta é a nossa homenagem. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Vice-Prefeito de Porto Alegre, Sr. Tarso Genro.
O SR. TARSO GENRO: Eu creio que os oradores que me antecederam, a
partir do relato extensivo e profundo feito pelo nobre Ver. Leão de Medeiros, já disseram
tudo o que deveria ser dito a respeito do companheiro Fúlvio Celso Petracco. E, como representante do Poder Público Municipal, Executivo, eu gostaria, apenas de
agradecer, de um lado o sentimento pessoal e de outro uma visão da
Prefeitura de Porto Alegre a respeito do companheiro Petracco que é o homenageado neste dia. Antes de 1964 – e eu sou de uma geração um pouco mais nova que o Petracco – mi militando no Movimento Estudantil Secundarista, ainda
não em idade eleitoral, eu via pichado nos muros dae
minha o cidade o nome de Petracco, como líder estudantil, como candidato a dDeputado
eEstadual e foi um nome que pela sua estranheza
italiana, numa Cidade como Santa Maria, não me
saiu da cabeça. Conheci, depois, pessoalmente, já no calor da luta política, o companheiro
Petracco e passei a privar da sua amizade tendo, inclusive, como um dos políticos mais competentes da sua
geração. O que
acontece nesta Casa e o faço também como reflexão pessoal e política, na conferência deste título,
uma associação que os partidos fazem nesta homenagem, na representação da sociedade civil de Porto
Alegre, é um exemplo de democracia e um exemplo de civilização, quando na popularidades das avaliações, das
ideologias, os partidos conseguem,
pela Câmara um tTítulo
como este, nós que durante a ditadura militar combatemos o arbítrio e a repressão política, nos sentimos extremamente orgulhosos
de termos participado daquela luta porque ajudamos a construir, neste momento, um momento de pluralidade, um
momento de civilização e um momento de democracia, que são as características essenciais, de pelo menos o socialismo que eu quero para o meu
País, e tenho certeza de que é o que
companheiro Petracco também
deseja. Registro três características do Petracco que o faz merecedor deste tTítulo. É um homem digno, atravessou períodos difíceis na vida socialócio
e política brasileira com dignidade, respeitabilidade e de cabeça erguida. É um homem honrado, jamais
traficou nem escondeu o seu posicionamento político em troca dem
qualquer tipo de benefício, seja empresarial, comercial ou de natureza pessoal.
É um homem
inteligente, um homem que conseguiu com sua personalidade forte, sua liderança
carismática
reverenciar a luta de mais um Partido Socialista aqui no Rio Grande do Sul. Nós defendemos o pluralismo dentro da democracia e na
perspectiva do socialismo só podemos elogiar este
evento e este esforço político. Digno, honrado e inteligente, por
isso um Cidadão Emérito de Porto Alegre, nos orgulha a todos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. RPRESIDENTE: (Lê o Diploma.)
O SR. OMAR FERRI: Solicito a V. Exª, Sr. Presidente, que conceda a
palavra ao Deputado Jauri de Oliveira, que
eu sinto que ele gostaria de dizer alguma coisa para nós, mesmo porque ele foi o presidente do partido até alguns tempos atrás.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Deputado Jauri de Oliveira, Líder
da Bancada do PDSB na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.
O SR. JAURI DE OLIVEIRA: Sr. Presidente,
dos trabalhos, meu caro
companheiro Vice-Prefeito, meu caro Líder homenageado Fúlvio Petracco, caro companheiro Omar Ferri, prezada Ssenhora
Petracco, irmã do nosso homenageado,
senhoras e senhores.
Eu não estava pensando falar, nesta oportunidade, já pelo que sabia não estava nas previsões da direção dos trabalhos. Mas o meu companheiro Ferri sugeriu que me
convocassem e, naturalmente, eu recebo com satisfação essa convocação, e vou fazer
apenas uma manifestação que não é mais do que um testemunho da figura que eu
conheci melhor, depois que eu ingressei nos quadros do Partido Socialista Brasileiro. Como o Ferri falou, não era só o Ferri que tinha uma notícia do prepotente dominador
Fúlvio Petracco. Eu, quando entrei no Partido, entrei com esta informação e com esta preocupação de que teria que lutar dentro
dos quadros partidários,
para que acabasse essa ditadura e que prevalecesse aquele maravilhosos programa que defendemos. Felizmente foi fácil defender o programa e não houve necessidade
de combater o ditador porque ele não existia. Existia uma pessoa e existe uma
pessoa que dá uma
extraordinária ênfase naquilo que acredita. E precisa, também, ter muita força, muita energia para vencer os seus argumentos, o que nem sempre se consegue, mas quando se
consegue, encontra-se um derrotado
democrata que sabe absorver os resultados da maioria. Esta figura que eu conhecei na
direção do Partido a que pertencemos, e fico feliz nesta Casa que é composta de
vários pPartidos, concorrentes de idéias antagônicas entre si, umas se assemelham
outras se antagonizam na vivência
partidária e na busca dos caminhos que entendem mais corretos para o Município,
para o Estado, para o País, eu
acredito na sinceridade dos homens, mas nem todos estão certos acerca do caminho mais
curto na busca do bem comum, mas tem que se respeitar-se
quando acreditam estearem
certos. Então, esses
homens de diversas correntes,
resolvem homenagear uma pessoa que marcou pela sua passagem na vida pública e na vida profissional, porque existem pessoas que passam, simplesmente passam e não são notadas. Outras pessoas que são notadas, mas não são reverenciadas e, à passagem, não deixa saudades; e outras que passam e deixam
um rastro luminoso e marcam forte, e homenagensm
como esta deixam esta marca registrada nos Anais de uma Casa tão importante como a Câmara de Vereadores de Porto
Alegre. A ti, Petracco, felicito,
mas felicito mais aos Srs. Vereadores
que resolveram homenagear uma figura que realmente é merecedora desta
homenagem. Tantas homenagens que deram
nesta Casa e pelas que tomei conhecimento também
merecedoras, aos familiares do Petracco, aos nossos companheiros de pPartido,
eu penso que hoje estamos recebendo uma homenagem, porque esta homenagem
respinga nos familiares e respingas nos companheiros. Nós estamos sendo homenageados por todos. Muito
obrigado por todos.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agora nós convidamos,
a todos os Senhores e Senhoras,
para que, em pé, possamos assistir àa
entrega do Título ao Dr. Fúlvio Petracco. Convidamos o autor do Projeto, Ver.
Elói Guimarães para que faça a entrega.
(É feita a entrega do título ao homenageado.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra, com o homenageado, Sr. Fúlvio Petracco.
O SR. FÚLVIO PETRACCO: Senhores e Senhoras, sinto-me
perfeitamente a vontade quando me debruço a escrever, em minúcias, os memoriais técnicos e as justificativas
matemáticas para os projetos de engenharia
de minha concepção.
Não ocorre o mesmo quando quero falar dos meus sentimentos. Para fazê-lo prefiro a liberdade de um esquema que se
modifica ao evoluir das palavras, que improvisa com naturalidade, que corre os riscos
das falhas e dos erros, - mas que fala muito com o coração.
A majestade dessa Sessão Solene protocola a necessidade de substituir a flexibilidade e os contrastes pelo falar medido, impõe a imprudência e a correção como balizas limitadoras da espontaneidade.
Mesmo assim, advertido pela prudência, e pelo bom senso, escrevo em
respeito a boa norma, mas,
falo com o coração para corresponder ao que eu sou e não escondo: um homem sensível, mais do que um
engenheiro, apenas,
um homem.
Quarenta e três anos se passaram desde o dia em que
o menino, então com
dez anos de idade, junto com seus cinco irmão, todos assustados e ariscos, se
defrontaram com nossa querida capital,
com o ringido estridentes dos bondes suspirando ofegantes em cada
parada, com o matraquear rítmico das gasolinas subindo e descendo o Guaíba, com o pisca-, pisca
dos luminosos que nos pareciam enormes vaga-lumes, enm fim assustados com um mundo novo, totalmente
desconhecido.
Nossa primeira moradia, no 4º Distrito, me oportunizou conhecer pessoas e outras zZonas
de nossa Ccidade, especialmente através dos torneios infantis
de futebol. Aandei
do Passo D’Areia à Belém Novo. Participando
no carnaval de rua dna
Avenida Eduardo, comecei a integração
com a cultura de nossa Ccidade.
Já aos quinze anos a felicidade já me
levou a morar na Rua Duque de Caxias, junto ao Alto da Bronze e ali estender meu círculo de amizades aos que faziam
daquele logradouro uma legenda integrada e completa de Porto Alegre. No Alto da
Bronze, do esporte aos estudos, do
malandro ao trabalhador, do carnaval à boemia, havia escola para qualquer vocação, todas pontificadas por
mestres insuperáveis. No curso dos anos conheci minha Ccidade
e, seu povo, experimentei o prazer de amá-los intensamente.
Aqui aprofundei raízes definitivas numo
círculo de amizades cimentado com afeto
e carinho. Aqui constitui família, seis filhos e um neto.
Assim, cdom humildade eu confesso:
aAo
receber o tTítulo de Cidadão de Porto Alegre, generosamente concedido por esta Casa, eu o tenho
como merecido, ou seja, a formalidade da concessão sempre ampara na
legitimidade de minha
real cidadania.
Entretanto, a bondade desta Casa atendeu o meu desejo, o qual
eu guardava em segredo, como uma
sentença que vai além do que eu queria,
laureando-me com o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.
Vazam os meus sentimentos a lembrar-me que tudo o
que eu sou e fiz nem seria, nem faria, senão ligado em um contexto sócio-cultural que me produziu como pessoa
humana.
Neste momento, emocionado, estou revendo meus
queridos pais, zelosos, incansáveis para formar e educar seus filhos. Legaram-nos
belíssimos exemplos de convivência social e de respeito aos direitos do ser
humano e da natureza. Lembro-me, também, o trabalho paciente e cheio de calor humano – das
minhas professoras do Grupo Escolar
Protásio Alves, em Passo Fundo, sob a bondosa e carinhosamente inflexível direção da Profª
Maria Suria Dipp, as quais se anteciparam à figura do Irmão Bento do Colégio
Nossa Senhora das Dores, aqui em Porto Alegre.
Irmão Bento era daqueles professores preocupados com a educação integral,
reforçando emo meu caráter a necessidade de estabelecer, ordenar
e preservar os verdadeiros valores da nossa existência e o ter
um ideal. Aos meus pais e ao Irmão Bento devo o despertar das minhas
preocupações com o social e, afinal, o meu compromisso permanente de dar combate àa
injustiça em todas as suas formas.
Quantas e ricas
experiências desfrutei na convivência que oferecia o Colégio Estadual Júlio de
Castilhos, onde conclui o cursos
científico e onde tive a oportunidade de ser aluno e amigo do Prof. Abílio Azambuja, cuja bondade se
ombreava com a sua competência, ambas inexcedíveis.
Aos professores da tradicional Escola de Engenharia da Universidade Federal, nas
pessoas dos Mestres Ernesto Bruno Cossi, Luiz Duarte Viana e David Mesquita da Cunha, que me ensinaram as bases da Engenharia e ao mesmo
tempo me estimularam às militância acadêmica, remeto a minha memória agradecida.
Aos meus pares no Conselho
Universitário, na figura do ilustre
deo seu Presidente, o ilustre mestre e Magnífico Reitor Elyseu Paglioli o reconhecimento do quanto
aprendi no calor dase
discussões de plenário. Com eles tive as lições da convivência fraterna e
respeitosa por maiores que fossem nossas controvérsias. Foi precisamente com os exemplos e com as palavras dos
mestres que eu terminei concebendo a Universidade fora da uniformidade de que
ela é o ambiente ideal onde se abrigam
as diferentes visões do mundo e os antagonismos e de que assim alcança o saber e as ciências se emulam para a ação criativa. Foi
especialmente com o Magnífico Paglioli
que eu vi a Universidade com ao
instituição potencialmente revolucionária
porque é da sua função encarar a problemática social, política, científica, tecnológica e cultural a partir de uma perspectiva dinâmica e não
estacionária, mesmo porque a “educação é um processo continuo que sóo
termina com a morte”.
Enquanto cuidava da minha formação profissional,
mergulhado numa
convivência com uma juventude acadêmica sadia, politicamente comprometida, e por isso mesmo agitada, com o amparo no exemplo e nas
lições dos mestres
que acabei de homenagear, soltei rédeas ano
vigor da minha idade desenvolvendo intensa política universitária.
Amadureci nos combate que tiveram origem no
Centro dos Estudantes
Universitários de Engenharia para, a seguir, ampliá-los
na Federação dos Estudantes da Universidade do Rio Grande do Sul.
Inúmeras lutas, específicas da categoria empreendia o movimento estudantil, vitoriosas poucas, derrotadas,
infelizmente, quase todas.
De outro lado, não se tem conta dos episódios de
interesse nacional nos quais os estudantes se envolveram e
– para cujas definições tiveram participação destacada e de significativa
expressão.
Ora defendendo a triticultura rio-grandense dos assaltos que sofria através dos dumpings
promovidos pelas multinacionais monopolista do setor, ora promovendo campanha
contra o roubo das nossas areias monazíticas e deem
nossos materiais estratégicos.
Aqui empenhados na promoção do monopólio estatal do Petróleo da Petrobrás, ali,
lutando pelo ensino –
público gratuito e democrático.
Prestigiando e defendendo a legalidade da
democracia e os poderes constituídos sob riscos
nos episódios de
Aragarças e Jacará-Acanga e depois, ao lado do povo riograndense em pé, mais uma vez, defendendo
a legalidade e derrotando o golpe militar em 1961.
Estavam também os estudantes nas lutas pelas reformas de base que as forças conservadoras inviabilizaram até o momento mas, sem as quais não encontraremos
o rum o da paz social, nossa vocação comum, que se faz inadiável.
Em fim, lutávamos pela dDemocracia, sem adjetivos, quando a Nnação
foi surpreendida em 1964 e, então, ausente o cidadão porque tutelado ao povo, a ditadura divorciou o estado da Nação, amasiou-se
com o capitalismo internacional que passou a ser o gestor absoluto e autônomo de todas as nossas imensas
potencialidades humanas e naturais.
Sem democracia conseguiram impor ao povo um modelo
econômico e cruel e perverso que nos faz a
7ª economia do mundo, disputando simultânea e paralelamente o campeonato mundial da fome e da miséria.
Por isso mesmo, vencendo todas as dificuldades,
superando o medo, enfrentando todos os riscos, das perseguições, dos expurgos, das torturas e
das mortes, o povo não esmoreceu e, ainda que na clandestinidade, não desistiu de resgatar os
seus direitos, e dentre todos, o direito de ser ele próprio o sujeito do seu destino e o feitor da sua história.
A humanidade, ao longo da sua existência, está preenche
de manifestações a
demonstrarem que a aspiração pela democracia representa uma vocação permanente
e universal de todos os povos porque é sóão
através dela se alavanca a evolução da
organização social.
E é precisamente no âmbito do poder legislativo legitimamente representativo, ou seja, eleito pelo povo, onde vamos encontrar o abrigo, onde se debatem os interesses de classe, onde se aguçam e se enfrentam
as controvérsias e onde afinal, pelos entendimentos, pelas negociações, avançam as conquistas sociais
em constante aperfeiçoamento e irreversível caminhada.
Não se conhece melhor instituição para concretizar a
democracia representativa, cuja representação tende, dias
após dia, a ser cada vez mais autêntica e fiel.
As Câmaras de Vereadores, pelo intimo convívio com as populações que
representam, se destinam a materializar, no
Brasil, o EstadoSTADO DemocráticoEMOCRÁTICO eE FederativoEDERATIVO.
Dentre elas, a nossa Câmara de Vereadores vem renovando testemunhos
concretos e indesmentidos de que aceita este destino e marcha deliberadamente na sua
direção.
As ações e interpretações da nossa Câmara com o
povo, através das suas organizações é uma marca distintiva que lhe emoldura o caráter. Ela jamais se degradou, conservando, por
isso mesmo, o prestígio
da confiança. Popular.
Nossos edis, em nenhum momento
agiram no escuro e jamais se submeteram ao servilhismo. Esta Casa nunca se deixou permear, resistiu aos encantos
e aos falsos milagres e por isso mesmo não deu abrigo àá
rapinagem desenvoltas
dos gastos fabulosos que noutros territórios geraram ae
acumulaçãom inexplicável
de grandes fortunas.
Nesta Casa, quando o povo da rua conquistava, aos poucos, a perdida liberdade o
sopro dos novos tempos, levantando as cinzas, revelou que sobre elas ardiam
brasas as quais mantiveram esterilizados os germes da violência e o vírus da corrupção.
Ainda gora, o melhor corpo legislativo municipal que já tivemos, sem demérito oue
restrições aos anteriores, até pelo aperfeiçoamento que o viver democrático promove, vem de aprovar o Rregimento
Iinterno para elaboração da nova Lei Orgânica do Município. Ao fazê-lo,
renovou, ainda uma vez, que quer o povo ao seu lado e de que aceita a
participação direta deste para as
definições legislativas de nossa Ccidade.
Também, faz pouco, pela unanimidade deos
seus Vereadores mais uma decisão que a
outras tantas se soma na edificação do caráter austero de nossa Casa
Legislativa:
“O erário público não mais contribuiu para a constituição do fundo
previdenciário dos Senhores Vereadores”.
Esta decisão enobrecedora não mereceu ainda a
devida divulgação, mas há de se contribuir em mais
um exemplo que nossos Vereadores oferecem aos demais Parlamentos do Brasil para que eles
se integrem nesta obra de resgate do prestígio do político brasileiro ao
qual somente aos tiranos interessa ver reduzido.
Não há tratamento desta Câmara aos problemas do
Município que destoe
dessta conduta. Não conheço uma única decisão
legislativa importante desta Casa que tenha se dado sem que antes se pusdesse a matéria para amplo debate com a população na
busca permanente do melhor caminho.
A magnanimidade desta Casa ainda mais uma vez se confirma ao laurear um homem de Partido e mais uma vez, reflexivamente, é ela que merece a homenagem de quem homenageou.
Sr. Presidente,
Srs. Vereadores,
sSenhoras,
sSenhores,,
Mmeus amigos., C
Cchegaou a
hora da despedida eo meu
corpo todo vibra possuíido
pela gratidão. Já não tenho palavras que traduzam tudo o que eu sinto. Relembro-me, entretanto, do jovem com 17 anos que tinha uma confiança infinita em si mesmo e uma crença inabalável em seus princípios
morais.
De espírito aberto e cantando lançava-se à luta pela jJustiça
sSocial que imaginava ajudar a construir no curso da sua juventude.
O que queria não realizou, seus sonhos não se
confirmaram. Vieram as perseguições, as calúnias, o expurgo e a cassação. A umas enfrentou, de
outras zombou e a todas desprezou.
Entretanto, a flama que iluminava o adolescente outrora não se
apagou porque ela era a do ideal. Veio de lá à idade viril e desta à madureza.
Os cabelos branquearam, a face se enruga e a flama
acesa acompanha o á-lo adolescente
de ontem na descida da encosta que o
levará à morte.
Mas nesse andar o adolescente continua a sua
existência porque, nas palavras de José
Ingenieros, só envelhece quem perde a chama do ideal, desiste do futuro e se compromete, com os erros do passado.
O que ama um ideal e tem uma fé, não envelhece jamais., Ccontinuarei
subindo as encostas da vida, de espírito aberto com crença redobrada de que um dia virá em que a humanidade toda viverá feliz,
em democracia, com a liberdade.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os
trabalhos.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 18h34min.)
* * * * *